Exercícios Físicos e Depressão
Cerca de 3% da população mundial (200 milhões de pessoas) sofre de depressão. Depressão clínica atinge cerca de 6% a 8% da prática médica.
Exercício físico é uma alternativa ou coadjuvante para o tratamento de depressão (Hales & Travis, 1987; Martinsen, 1987, 1990). Nos anos 90 houve pelo menos cinco revisões meta-analíticas (Craft, 1997; Calfas & Taylor, 1994; Kugler et al., 1994; McDonald & Hodgdon, 1991; North, McCullagh, & Tran, 1990) mostrando resultados consistentes de que exercício agudo e crônico está relacionado com uma redução significativa da depressão. Estes efeitos são moderados em magnitude (maiores do que os produzidos para ansiedade) e para indivíduos clinicamente deprimidos e com depressão grave.
Estudos científicos revelaram que os efeitos antidepressivos começam tão cedo quanto a pessoa se exercita e persiste além do término do programa de exercícios. (Craft, 1997; North et al., 1990). Estes efeitos são também consistentes em diferentes idades, gênero, tamanho do grupo estudado e tipo de questionário avaliador de depressão.
Exercícios produziram maiores efeitos antidepressivos quando: 1)O programa de exercícios foi maior do que 9 semanas e envolvendo mais sessões; 2)O exercício foi de longa duração, alta intensidade e realizado vários dias por semana; 3)Os indivíduos foram classificados como pacientes em reabilitação médica e, segundo os questionários respondidos, foram classificados como moderados a severamente deprimidos, comparados com leve a moderados (Craft, 1997).
North e colaboradores (1990) encontraram que a prática de exercícios diminui a depressão melhor do que técnicas de relaxamento ou envolvimento em atividades agradáveis. Exercícios usados junto com terapia psicológica individual e medicamentos produziram os melhores resultados, mas segundo Craft (1997) estes resultados não foram melhores do que os produzidos pelo exercício somente.
Assim, é encorajador que exercícios físicos são tão eficazes quanto terapias tradicionais para tratar a depressão, especialmente devido ao tempo gasto e custo envolvidos no tratamento convencional (medicação e psicoterapia). Não me refero à depressão com risco suicida que requer supervisão médica e familiar, e não só exercícios físicos.
Também, exercícios físicos geram adicionais benefícios para a saúde, aumentando o tônus muscular, diminuindo a incidência de doença cardíaca e obesidade, etc.
Mais pesquisas precisam ser feitas para se comprovar que é possível reduzir o uso de antidepressivos na medida em que se implementa a prática de exercícios físicos. Estudos mostram que ervas medicinais (fitoterápicos) como a Erva de São João ou Hipérico, exercem efeitos parecidos em alguns pacientes deprimidos (depressão leve a moderada), aos dos antidepressivos convencionais (sintéticos) e placebo, sem prejudicar o organismo com os vários efeitos colaterais produzidos por estes últimos.
Exercícios Físicos e Outros Benefícios sobre a Saúde Mental
O relatório Surgeon Generals Report já citado aqui na 1ª.parte desse artigo, menciona a possibilidade do exercício melhorar o humor. Revisões de 4 meta-análises revelaram que atividade física aumenta o auto-conceito físico e a estima própria. (Calfas & Taylor, 1994; Gruber, 1986; McDonald & Hodgdon, 1991; Spence, Poon, & Dyck, 1997). Isto foi demonstrado em pessoas de idades e gêneros diferentes. Dados com crianças mostraram que aptidão aeróbica produziu maiores efeitos sobre a auto-estima do que outros tipos de atividades em classe na escola. (Gruber 1986).
Sono repousante é outro benefício do exercício sistemático. Duas meta-análises mostraram isto, (Kubitz, Landers, Petruzello, & Han, 1996; OÇonnor & Youngstedt, 1995), usando EEG (eletroencefalograma). Alguns estudos mostraram que exercícios aeróbicos diminuem o estágio do sono chamado sono REM (rapid eyes movement) o qual não é tão relaxante quanto os estágios de ondas leves (estágios 3 e 4) e melhoraram o tempo total de sono.
Há algumas variáveis influenciando estes resultados. O exercício tem o maior impacto sobre o sono quando: 1)As pessoas dos estudos eram mulheres, pessoas sem aptidão física e mais velhas; 2)O exercício foi de longa duração, e 3)Ele foi praticado cedo no dia (Kubitz et al., 1996).
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